18 dezembro 2005

O modelo canadiano de acolhimento de imigrantes

O Canadá recebeu em cada um dos últimos anos, cerca de 250.000 imigrantes legais (tem 30 milhões de habitantes) e não pretende abrandar a entrada de novos imigrantes. Consegue níveis de integração notáveis que contribuem para uma economia cada vez mais pujante e é, por isso, um fenómeno mundial com o qual vale a pena aprender. Com efeito, entre muitos aspectos que se poderiam sublinhar, o sinal distintivo do Canadá parece resultar da conjugação entre um sistema de admissão que visa recrutar elevado capital humano, num modelo de “pontos”, com uma fortíssima rede de acolhimento à chegada, na qual é evidente o grande investimento na aprendizagem da língua, no acesso a uma habitação, no acolhimento na comunidade e no modelo de filiação à sociedade de acolhimento proposto.

Creio que este último aspecto constitui um dos segredos fundamentais do sucesso canadiano. Se por um lado, é francamente estimulado o acesso à plena cidadania (por ano, 150.000 imigrantes adquirem a cidadania canadiana), por outro é admitida a manutenção do vinculo cultural ao país de origem, fomentando uma dupla pertença, mesmo ao nível formal da dupla nacionalidade. O mérito do modelo multicultural canadiano resulta, pois, desta atitude inclusiva de integração: por exemplo, bastam três anos de residência legal no Canadá para aceder à cidadania. E não julguemos que por ser aparentemente fácil se trata de uma trivialidade. Pelo contrário, a cerimónia de atribuição de cidadania canadiana é verdadeiramente solene, celebrando-se anualmente a Semana da Cidadania, com grande destaque comunitário.
Portugal tem, neste domínio, muito a aprender com o Canadá.

Sem comentários: