25 março 2006

A evolução do modelo multicultural canadiano

O modelo multicultural canadiano tem sofrido uma evolução que Fleras e Elliot (2002) definem de uma forma interessante, sublinhando três etapas: de uma fase inicial, nos anos 70, onde destacam a sua dimensão étnica, com a metáfora do mosaico cultural a guiar a sua construção, para uma etapa posterior, nos anos 80, onde o discurso se centra na equidade, concretamente na igualdade de oportunidades, usando como metáfora a "nivelação" até finalmente nos anos 90 se chegar ao multicultiralismo cívico, onde se sublinha sobre tudo o combate à exclusão social, por via da inclusão e se utiliza a metáfora da "pertença". Este foco na construção de uma sociedade inclusiva, onde se apela a uma cidadania plena de todos os cidadãos, sem que devam abdicar dos seus traços distintivos representa um forma muito distante do modelo criticado de fragmentação e de "ilhas sem pontes" que os adversários do multiculturalismo apontam. É evidente que falta ainda a este fase do multiculturalismo cívico a afirmação mais clara de uma perspectiva de interelação e de miscigenação como dimensões estruturantes. O salto para a interculturalidade ainda não é expresso inequivocamente. Mas já não está longe.

Sem comentários: